Qual o real significado de estar morta(o) ao final de um dia?

Será isso um ato de destruição ou de valorização?

Não é incomum chegar ao consultório um grande número de pessoas com a seguinte afirmação: Nossa, estou morto (a)! 

Sempre indago à este sujeito se isto é considerado algo bom ou ruim, e frequentemente obtenho uma resposta cujo indivíduo além de ficar surpreso com a minha indagação, passa a tentar se justificar com seus inúmeros afazeres do dia.  

Claro, é importante certo movimento voltado a tais afazeres, porém quando faltamos com nossas tarefas e não sabemos suportar este fato, o sofrimento começa a imperar. Traduzindo em termos psicanalíticos, o SUPEREU começa a fazer a festa! E o resultado é culpa atrás de culpa. 

E é sob essa perspectiva que gostaria de discorrer um pouco sobre como minamos nosso EU, em prol muitas vezes de um olhar do outro, buscando aprovação, validação, respeito, entre tantas outras exigências. Ora, se a função do Eu é justamente mediar nossas exigências internas e externas, nosso mundo interno e externo, o porque será que passamos a priorizar tanto este outro. Que condição absoluta é esta que este Outro ocupa? 

Qual a vantagem de estar morta(o) ao final de um dia? Estar vivo ao final de um dia de trabalho é demérito? Sinônimo de que aquele indivíduo não trabalhou tanto? Ou será apenas mais uma forma de conservarmos nossa imagem a todo custo e com isso não aceitarmos sermos destituídos de determinado lugar em relação ao outro?  

Caros, o quanto de destruição, exigência e sofrimento vocês elencaram para se sentirem amados, olhados e valorizados? 

Que possamos dar mobilidade ao nosso EU ao invés de aniquilá-lo ao final de um dia, fazendo-nos movimentar em direção aos nossos desejos e faltas.  

Não se esqueçam, estar sempre morto ao final do dia pode ser sinal de que a vida está te convocando a olhar um pouco mais para você.