Para compreender a psicanálise precisamos antes de tudo abordar o conceito de Inconsciente, que vem da palavra alemã “desconhecido”, isto é, o que desconhecemos sobre nós mesmos. Nas obras Freudianas, podemos observar dois momentos em que este conceito é abordado. O primeiro é a forma de lugar, ou seja, lugar do reprimido. A segunda maneira proposta por Freud é o inconsciente proposto como uma qualidade de idéia (ou representação) que pode estar consciente ou inconsciente.
Assim, a psicanálise é o estudo do inconsciente, o que é o inconsciente (teoria psicanalítica) e como acessá-lo (técnica psicanalítica). As visões de o que é o inconsciente e como acessá-lo foram sofrendo modificações ao longo do tempo, porém a noção básica do que é o inconsciente não varia muito entre as escolas. Ainda que em algumas escolas o inconsciente seja visto como uma hipótese e o objeto da psicanálise se torne o sujeito do ”inconsciente”. Dessa forma, as noções Freudianas passaram a ser distintas das noções da própria psicanálise. Atualmente podemos distinguir sobre a noção que Freud apresentava como teoria e a noção que Freud possuía de técnica psicanalítica, pois há uma diferença entre esta visão e a das escolas mais contemporâneas como as de Bion, Klein, Winnicott e Lacan, sendo o conceito de Inconsciente, o único que une tais autores. Cada uma dessas escolas tem a sua epistemologia própria, ou seja, a forma de se obter uma determinada informação e o que fazer com tal observação em relação ao inconsciente.
Portanto, a psicanálise se torna um método de investigação que irá abordar a parte desconhecida de nós mesmos e também é uma forma de tratamento. Um dos pressupostos da psicanálise é que aquilo que nos trás sofrimento é aquilo que nós desconhecemos sobre nós mesmos. Segundo a teoria Freudiana clássica, (sintetizando de forma bem sucinta) o trauma que está reprimido no inconsciente retorna como um sintoma. Podemos observar este pressuposto reverberando em outros autores: para Klein o objeto a ser investigado é a fantasia inconsciente que faz com que nós não tenhamos uma visão clara da realidade (novamente a prerrogativa de que uma parte que nós não conhecemos sobre nós mesmos e que nos faz sofrer), Lacan cita a questão sobre o sujeito da linguagem e Bion irá abordar sobre a experiência emocional. Conforme os desdobramentos da psicanálise, cada autor irá abordar e conceituar de uma maneira, porém é importante ressaltar que se trata de um Método e suas variações.
Concluindo, as teorias psicanalíticas se diferem de método psicanalítico. Para averiguar as formas de psicanalistas se atentem ao método que cada profissional irá utilizar e não apenas às teorias utilizadas. Quando nos atentamos apenas as teorias, iremos dominar apenas as teorias que cada autor utiliza e não o método que foi empregado em sua análise.
O que é um Psicanalista? Qual a sua função?
Quanto mais rico for o repertório de um analista, isto é, quanto mais riqueza de tons um analista tiver em sua personalidade, melhor analista será. Ou seja, melhor vai poder formar o par necessário com as notas que faltam ao paciente.
Considerando que é a experiência do ser como indivíduo que ganha força neste processo, o profissional de psicanálise só apresentará um bom desempenho mediante também a sua própria análise.
Neste âmbito de atuação, a teoria representa apenas um dos pilares essenciais para a execução de uma boa prática profissional.
Tendo em vista que, o processo psicanalítico também age como um ambiente revelador das experiências emocionais do paciente, é de suma importância que o psicanalista saiba lhe comunicar tais eventos, sendo imparcial e não interferir com os seus próprios desejos durante a análise. Portanto, acima de tudo, o tipo de vínculo criado com o paciente e o acolhimento que o analista proporcionará tornam-se fundamentais no processo analítico.