Quando nos referimos aos relacionamentos atuais, precisamos levar em consideração o que de fato está em jogo numa relação à dois: compatibilidade psicológica, o saber conviver a dois, os graus de consenso de cada uma das partes, a atração e vida sexual do casal, os ciclos de vida e as pressões e frustrações externas e as vantagens de permanecer naquele relacionamento, são algumas das pautas a serem analisadas e trabalhadas. Porém, não podemos deixar de considerar fatores fundamentais de uma relação à dois do ponto de vista e viés psicanalítico. Ao construir um relacionamento com outra pessoa, nos relacionamos também com as fantasias daquela pessoa, as idealizações que nosso par irá fazer em relação a nós mesmos, as expectativas que serão depositadas em nós (bem como a quebra dessas) e todos os ideais que ambos terão de cada uma das partes envolvidas.
Frequentemente, quando iniciamos uma terapia de casal, podemos notar uma enorme confusão de falas de cada uma das partes. Por diversas vezes, o casal não está falando entre si, mas sim criando um monólogo com a imagem que sustenta de quem seja o seu parceiro e é justamente no momento em que uma das partes daquele relacionamento não corresponde com aquilo que a outra supõe que deveria ser (uma fantasia puramente interna) que os grandes conflitos irão surgir.
Outro fator comum de se escutar em terapias de casais é a famosa adivinhação, isto é, quando uma das partes quer que a outra adivinhe aquilo o que se deseja, pensa, o que lhe dá prazer e que também funcione de acordo com a sua própria fantasia, se deparando muitas vezes com a realidade de que seu parceiro não condiz cem por cento com suas idealizações, mas mesmo assim torna-se indispensável, ressoando em nossa ferida narcísica.
Dessa forma, caso você esteja passando por alguma crise conjugal ou tenha se identificado com alguns dos cenários narrados, saiba que a terapia de casal pode ser uma grande aliada para o (Re)conhecimento de seu próprio relacionamento e dos papeis de cada uma das partes.