Vivemos na geração 100% à qual se aspira não ter que abrir mão de nada, padrões irreais e ideais tornaram-se meta e quando não atingidas geram culpa e frustração. Escolher entre filhos, carreira, casamento, liberdade, manter a forma e uma vida social tornou-se imperativo, porém determinado cenário possui apenas um único e primordial defeito: ele é impossível.
Renunciar algo imposto pela sociedade ideal passou a ser sinônimo de incompetência, isto resultará na sensação de insatisfação com tudo e qualquer escolha. Ora, é a sociedade do ideal onde o objetivo é ser 100% feliz o tempo todo, resultando justamente a sensação oposta, frustração.
A realidade é que a satisfação sempre será parcial e sentir falta de algo é o que nos move e nos faz desejar novamente, ao invés de evitarmos a falta como “manda o figurino” baseado nos padrões de idealização, temos que aprender a aproveitá-la e compreendê-la, afinal, é graças à ela que seguimos realizando.
É necessário espaço para desejar, quando tentamos tamponar a todo e qualquer custo a aquilo o que nos falta, não conseguimos sequer voltar a desejar algo. Pense no intervalo entre as refeições que nos causa ter fome novamente e o tempo necessário para imaginar o que desejamos comer.
Estamos vivendo uma era onde é preciso adquirir tudo, tudo ter e ao mesmo tempo nada desejar. Ser feliz e bem-sucedido virou sinônimo de um tipo de receita da felicidade, porém o que pouco se explica é que quando a felicidade se torna imperativo, a infelicidade passa também a ser implicada. A felicidade como um estado constante e estável não é real e ignorar este fato, é um dos maiores motivos que geram o aumento da infelicidade e da impossibilidade de apreciar os momentos de prazer, isto é, de felicidade. Aproveitar a vida em cada momento é também compreender que o que existe são pequenas doses de felicidade e não um platô de satisfação a ser alcançado.
Já o sucesso, vem sendo definido através de aquisições materiais e reconhecimento midiático, porém toda geração tenta uma saída diferente da geração anterior. Logo, pensar o sucesso para além de tais normas de consumo e do status financeiro, nos permite reconhecer uma vida menos assombrada por um possível fracasso que sempre irá se apresentar a nós através de uma conquista já realizada.