Em um relacionamento amoroso, a mulher liga-se não só à pessoa amada, mas também a muitos outros aspectos, principalmente os relativos à expressão de sua feminilidade investidos nessa relação.
No caso de um rompimento amoroso, não se trata apenas de se afastar do ser amado, mas de tudo o que nessa relação fora-lhe permitido construir como forma de viver sua condição feminina. Ao se deparar com o desaparecimento de uma posição confortável conquistada de mulher amada, volta-se a experimentar um vazio de outros tempos, o mesmo que se interroga ao questionar: “O que sou sem o amor da minha mãe?” A angustia advém da perda do objeto de amor. Principalmente quando este ocupa também o lugar de substituto do objeto de amor perdido (aquele do qual toda mulher deve, enquanto menina, abrir mão para poder se separar de sua progenitora – mãe).
Este é um dos motivos pelos quais muitas mulheres evitam quando o assunto é uma ruptura amorosa, que pode significar também a perda de sua identidade. É no olhar apaixonado do outro que se encontra como em um espelho, sua própria imagem. Muitas vezes, a mulher ao olhar-se no espelho está à procura de uma imagem que possa defini-la. Não se reconhecer mais como a mulher que acreditara ser, é devastador e vem acometida pela sensação de se sentir estranha aos seus próprios olhos. É neste momento que entra em pauta os recursos de que dispõe para reinventar sua condição feminina (criado em análise).
Como diz Lacan em seu seminário Sinthoma: “um homem é uma aflição para a mulher”. Compreende-se porque a perda de seu amor é muitas vezes sinônimo de uma devastação. Tal motivo explica porque um rompimento amoroso pode muitas vezes desestruturar uma mulher e levá-la a um ato de desespero.